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quarta-feira, 21 de março de 2012

Ex-aluna da UNEB e Ex-moradora da Engomadeira.


Em 1990 , passei no vestibular, para a Universidade do Estado da Bahia - UNEB , curso de pedagogia ,tão e somente para esta universidade . Por ser próximo ao bairro ,Engomadeira, onde eu morava e por ter aulas em horários determinados. Desta forma, não precisaria gastar tempo nem dinheiro com transporte para locomoção de um campus a outro, como acontece com alunos/as da UFBA .

Nesta época morava na rua que na verdade é uma avenida. Avenida Bom Jardim, quando falei aos vizinhos , todos ficaram felizes, muitos nem sabiam o que era uma universidade. Os mais velhos perguntavam se era emprego , se eu ia ganhar dinheiro. Os mais novos que estudavam e estavam informados, diziam: a primeira moradora da rua a passar na universidade . As minhas amigas do bairro diziam: você é a primeira moradora do bairro engomadeira a passar no vestibular da UNEB ( do ciclo de amigos/as e conhecidos/as).

Minha expectativa era grande, pois não sabia muito bem o que iria acontecer dali em diante. Na verdade , eu queria continuar estudando e sabia que o caminho era a universidade .Isto, iria ampliar os meus horizontes , mudaria a minha história, da minha família ,pois fui a primeira filha a fazer uma universidade. E também, a história do bairro, uma vez que incomodava-me muito ouvi dizer que Engomadeira , só engoma. Eu sentia que Engomadeira era muito mais.

Naquela época, a universidade era distante dos bairros onde ela estava e está instalada, embora ela tivesse alguns projetos para atrair a comunidade tipo, aulas de ginástica ,mas, não existia um projeto para atrair estes moradores, estudantes , jovens para suas salas. Projeto que possibilitasse o ingresso como alunos universitário .

Na universidade, no curso de educação no turno matutino eu era a única aluna que morava na Engomadeira. Nunca , senti-me discriminada por isso, quando algum colega questionava sobre o lugar, como era o bairro, se era violento. Eu afirmava, é um bairro popular com trabalhadores/as , estudantes e que tem seus problemas como qualquer bairro popular deste país. E que nunca tive nenhum problema de violência , inclusive que durante o ensino médio chegava do colégio, meia- noite .E às vezes, não tinha ônibus , andava da entrada do bairro até o fim de linha . Na verdade, sabia que eu privilegiada, pois mesmo tendo estudado em escola pública, fiz o vestibular, concorri com quarenta pessoas a uma vaga , passei e ainda morava próximo a universidade . Em fim, subir um degrau no mundo do conhecimento, alcancei um patamar que ainda hoje é restrito a poucos, pouquíssimos. 

Andreia Rocha Gomes

Um comentário:

  1. Muito bom saber sobre o bairro que hoje a rede de televisão só mostra a violência e não de como era e pode voltar a ser um bairro calmo,tranquilo e com trabalhadores honesto em busca de melhoria para seu familiares.

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